Busca de solução para a areia de fundição

sábado, 22 de setembro de 2012

Guesser, da Tupy, montou pequena fábrica de pisos para mostrar o aproveitamento da areia de fundição em outros setores .Por: Júlia Pitthan  Fonte: Valor Online       

  A areia usada pelas fundições para dar o molde às peças é o resíduo industrial com maior volume no Brasil. Para cada tonelada de metal fundido é gerada outra tonelada de areia que precisa ser descartada. Cerca de três milhões de toneladas de resíduos chegam por ano aos aterros industriais no país.O setor tenta comprovar que o resíduo, considerado não-inerte pela legislação brasileira, pode ter outras finalidades sem contaminar o ambiente. Alguns Estados - como São Paulo e Santa Catarina - permitem que a areia de fundição seja usada na fabricação de asfalto e na construção de artefatos de concreto que não tenham funções estruturais, como tijolos e lajotas para calçadas. Apesar da liberação, o uso é pequeno se comparado com o volume de resíduos produzidos pelas fundições. Em maio do ano passado, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) também aprovou uma norma que permite o uso das areias de fundição em aterros e asfalto.A intenção do setor é implementar o modelo adotado nos Estados Unidos, países da Europa e Japão, em que esse tipo de areia é usado em cobertura de aterros, estradas e na agricultura, na composição de solo. Segundo Fabio Garcia, sócio da Faro Engenharia e coordenador do comitê de estudos de resíduos de fundição da ABNT, em 95% dos casos as areias são não-contaminantes. "É uma oportunidade para poupar areia natural, usando esse material." Hoje, a Associação Brasileira da Indústria de Fundição (Abifa) se reúne na Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) para discutir o tema. O trabalho da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) abre o encontro. Segundo o pesquisador José Angelo Rabelo, que coordenou o estudo, o objetivo é demonstrar que a areia, usada no solo, não contaminaria as plantas. Durante dois anos, a areia de fundição foi testada em cultivo de cenoura direto no solo e alface em hidroponia na Estação Experimental da Epagri, em Itajaí. Segundo Rabelo, o material foi testado em diferentes concentrações e não apresentou nenhuma contaminação das plantas. O estudo foi elaborado em parceria com a Tupy, que, sozinha, consome em média 23 mil toneladas de areia nova por mês. A fundição tem produção em Joinville (SC) e em Mauá (SP). Segundo o diretor-gerente de Engenharia Metalúrgica e Ambiental da Tupy, Wilson Guesser, a empresa vem trabalhando em transformar o material que era destinado ao aterro em insumo com outras finalidades. A indústria de fabricação de cimento já recebe material da Tupy. Segundo Guesser, cerca de mil toneladas mês são destinadas às cimenteiras. Garcia diz que há uma tendência crescente da indústria de cimento absorver a areia de fundição. Há um ano, a cimenteira recebia R$ 100 por tonelada de areia incorporada em seu processo. Hoje, os preços estão em R$ 11. Para Garcia, em poucos anos a indústria de cimento vai passar a pagar para consumir o material. Além da destinação para a indústria de cimento, a Tupy instalou em Joinville uma pequena fábrica de artefatos de concreto. Segundo Guesser, a empresa procurou parceiros para o projeto. Sem encontrar interessados, resolveu tomar a iniciativa. A Tupy entrou em acordo com a prefeitura de Joinville e cedeu o material para o calçamento do 62º Batalhão de Infantaria na cidade. As calçadas atuais darão lugar a 1.450 metros de piso que estão sendo assentadas com mão de obra do exército. Segundo Guesser, a aplicação pública é um meio de demonstrar o produto para a comunidade. Além da obra em Joinville, a Tupy fez uma parceria com o Departamento Estadual de Infra-Estrutura (Deinfra) de Santa Catarina. Com uma licença obtida junto à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fatma), está iniciando a construção de um trecho de 400 metros da Rodovia SC 422, no município de Rio Negrinho, utilizando areias de fundição para fazer a base, sub-base e subleito da estrada. Após concluído, esse trecho será monitorado por dois anos. No aspecto tecnológico, pelo 10º Batalhão de Construção do Exército. E, no aspecto ambiental, por uma empresa privada.

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