Empresas paranaenses lucram com Mercado de Carbono

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

FOLHA DE LONDRINA (PR) • NOTÍCIAS • 25/4/2012 • ENERGIA • 00:00:00
Desenvolver a atividade econômica com respeito ao meio ambiente e aumento de receita. Esta é a realidade de 272 empresas no Brasil que investiram no Mercado de Crédito de Carbono desde a formação deste mercado, em 2005, com a ratificação do Protocolo de Kyoto por 55 países. São iniciativas como a do suinocultor Nelson Guidoni, de Arapongas (Região Norte), que viu no mês passado sua conta bancária engordar em R$ 5 mil em razão da redução das emissões de metano, e da Pesqueiro energia S/A, empresa formada por agricultores da região dos Campos Gerais que faturou R$ 14 milhões nos últimos sete anos. De acordo com o professor do curso de Especialização em Mudanças Climáticas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Roberto Sanquetta, o crescimento do Mercado de Carbono está intimamente ligado às obrigações assumidas pelos países ricos com a redução na emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), responsáveis pela aceleração das mudanças climáticas registradas no planeta.
Como estes países – formados, em sua maioria, pela União Europeia, mais Canadá e Japão – ainda não foram capazes de reduzir as emissões em 5,2%, conforme determina o Protocolo de Kyoto, eles compensam o deficit comprando créditos de carbono junto a países em desenvolvimento que conseguiram reduzir suas próprias emissões.
‘‘Isso tem gerado muitas oportunidades de negócios para o Brasil’’, explica Sanquetta. Na maior parte, os projetos Brasileiros de redução de emissões se baseiam na melhoria de aproveitamento de resíduos ou desenvolvimento de fontes de energia mais limpas.
Renda marginal
Um exemplo que deu certo vem da Pesqueiro energia S/A, empresa formada por três cooperativas de agricultores dos municípios paranaenses de Castro e Arapoti e de Itaí (SP) que operam uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH). A Usina, que funciona no sistema ‘‘fio d‘água’’, não necessita de reservatório e, por isso, interfere o mínimo possível nas condições do rio. O faturamento anual da Pesqueiro gira em torno de R$ 15 milhões.
‘‘É energia limpa. Tudo que produzimos significa que alguém está deixando de gerar energia poluída. É daí que vem o crédito’’, explica o coordenador da empresa, Rosmir Cesar de Oliveira. Nos últimos sete anos, a Pesqueiro fez três vendas de carbono para empresas da França e Japão e ao governo da Inglaterra, somando R$ 14 milhões.
No total, a PCH conseguiu gerar 276.904 créditos – o equivalente a 276.904 toneladas de carbono. ‘‘É uma receita marginal que estamos gerando junto à receita principal, que é a venda de energia. Isso contribuiu em muito para nós, muito mesmo’’, afirma Oliveira.
Outro exemplo de sucesso neste mercado é o da Granja Peru, em Arapongas, que gera créditos a partir da operação de um biodigestor com queima de gás, que transforma metano em CO2. O metano é um gás que atua de maneira 23 vezes mais potente que o CO2 sobre o efeito estufa. O próximo passo será a instalação de um grupo gerador a gás para produzir energia elétrica na própria granja. ‘‘É um negócio bastante viável. Ele elimina o impacto ambiental e pode gerar excedente de energia’’, conta o proprietário da Granja, Nelson Guidoni.
O biodigestor foi instalado a custo zero na propriedade, numa parceria com a multinacional irlandesa AgCert. A empresa instalou e realiza a operação e manutenção de 298 biodigestores no Brasil, todas em granjas de suínos, e participa dos lucros da operação juntamente com os agricultores.

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