RECICLAGEM DE TECIDOS- ALGODÃO

sábado, 21 de julho de 2012

ECONOMIA /INOVAÇÃO
A MAXITEX, empresa têxtil com sede em Sapucaia do Sul, desenvolveu pesquisas para reciclar restos de peças de vestuário, principalmente de algodão.
A empresa já produzia fios e tecidos a partir de garrafas de plástico Pet.
Sobras de algodão de tecelagens e de malharias não vão mais para o lixo. Pelo menos na Maxitex, empresa da área têxtil com sede em Sapucaia do Sul.
Com a exigência do mercado por tecidos de cores variadas, a companhia que já fazia fios e tecidos a partir de plásticos Pet, mas apenas nas cores originais das garrafas, começou a desenvolver pesquisas a partir de outras matérias-primas.
Foi aí que surgiu a ideia de reciclar algodão, ou seja, fazer roupas de restos de roupas. Além de fornecer tecidos, recentemente a Maxitex entrou na área de confecção e agora lançou a coleção das marcas Artichaut e EcoArt durante a Fenim, feira que se encerra nesta sexta-feira, em Gramado.
Por princípio, a empresa gaúcha não trabalha com algodão virgem. A cultura do algodão utiliza muito agrotóxico. Além disso, é comum o trabalho escravo e infantil. A terra onde se planta o algodão também poderia ser utilizada para se cultivar alimentos, explica o gerente de comunicação e marketing da companhia, Robson Lhul.
De acordo com ele, em vez de agredir a natureza, a Maxitex protege o meio ambiente ao reciclar um produto que viraria lixo. Todo o processo é mecânico, sem utilização de água, corantes ou outros tipos de produtos químicos, garante Lhul.
A reciclagem de algodão é baseada em um processo simples. A Maxitex compra a quebra de produção de malharias de Santa Catarina. Ao chegar à empresa,começa o sistema de destruição da malha: os restos passam pelo sistema de cardagem. Em seguida, é feito o emparelhamento das fibras, que são transformadas em fios de espessura larga. Esses fios passam por um processo de estreitamento, chegando à espessura desejada. A cardagem, o emparelhamento da fibra e o estreitamento dos fios são feitos com os mesmos equipamentos utilizados na tecelagem de algodão, o que facilitou a produção da Maxitex, que já possuía os equipamentos.
Cada peça de tecido é única, destaca Lhul, já que os fios que fazem os tecidos são resultados de uma mistura de tons e espessuras diferentes de retalhos.Para fazer um blusão masculino, por exemplo, são utilizados em torno de dois quilos de retalhos de algodão.Além de algodão reciclado, a Maxitex trabalha com outras fibras ecológicas, como bambu, bananeira, côco, juta, lã, malva, milho, soja e proteína de leite.Os tecidos podem ser fabricados com fios de apenas uma dessas matérias-primas ou com fios de diferentes matérias-primas.

Produção a partir de Pet é mais demorada e trabalhosa
A invasão de confecções e tecidos made in China levou a Maxitex a inovar em fios e tecidos com produção sustentável. O processo, iniciado há cinco anos, começou com o estudo de matériasprimas naturais, como bambu e juta. Depois, os proprietários da Maxitex, vendo o potencial de oferta de Pet no mercado e a dificuldade de destinação das garrafas de refrigerante, muitas vezes acumuladas em rios e lixões, pesquisaram sobre as aplicações do material.
O processo de produção de tecido a partir do Pet é mais demorado e trabalhoso que o de algodão, por exemplo. As cooperativas de catadores são responsáveis pela primeira etapa do processo, que recolhem as garrafas e as esterilizam e picotam.
Quando chega na Maxitex, o material vai para a extrutora. Na máquina, sob uma temperatura de 300 Celsius, o Pet passa por um coador, é refrigerado e se transforma em fibra. A partir daí é que é produzido o fio, que vai virar tecido e, por último, em uma peça de vestuário.
As máquinas são as mesmas utilizadas na produção de tecido a partir do algodão. O que difere é o tempo, já que o processo a partir do Pet é mais lento e, portanto, mais caro, conta o gerente de comunicação e marketing da companhia, Robson Lhul.
O resultado é um tecido mais resistente que o algodão e onde a confecção alcança uma durabilidade pelo menos 50% superior ao de outra peça de algodão. Também as indesejáveis bolinhas são mais difíceis de serem formadas. Na Maxitex, o princípio é não utilizar corantes, por isso, a maior parte das peças é elaborada nas cores das garrafas Pet: branca e verde. Desde que começou a usar as garrafas Pet, a Maxitex utilizou mais de 32 milhões de garrafas de dois litros. Criado em 1941, o Pet começou com aplicação na indústria de tecelagem e só teve uso em garrafas a partir da década de 1970, nos Estados Unidos e, somente por volta de 1990, o governo daquele país autorizou o uso nas embalagens de alimentos.
Fonte: Jornal do Comércio (p.8) - Porto Alegre - 30/01/09
Jornalista: Karen Viscardi, de Gramado
EDSON PELENCE/DIVULGAÇÃO/JC

0 comentários:

Postar um comentário